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Senhores Pais,
Sobre o jogo Baleia azul e a Série 13 Reasons Why.
Como mãe e educadora, tenho refletido e me inquietado ao ouvir relatos e ver a proporção que está tomando a adesão de jovens ao jogo Baleia Azul, cujo objetivo final é levar o jogador a tirar a própria vida.
VIDA! Algo precioso, que deveria ser encarada como um milagre, que despertasse um sentimento de gratidão por possuí-la e que está sendo banalizada pelos nossos jovens, frutos de uma sociedade fluida.
Minha reflexão começa deste pressuposto: Como pais estamos conseguindo transmitir o verdadeiro e real valor e significado da vida aos nossos filhos? Estamos conseguindo nutri-los do desejo de viver? Nutri-los de sentimentos que os fazem sentirem-se valiosos?
Percebe-se que nossos jovens têm vivido um vazio existencial, sem dar à vida seu real valor. Não traçam objetivos a longos prazos, não pensam em metas de futuro, de vida. E mais, questionam situações que demonstram essa falta de perspectiva e de objetivos: Estudar pra quê?
Projetar o futuro, idealizar esse futuro, querer ser alguém independente, que sonhe, almeje, são desejos que têm se distanciado dos nossos jovens. Estamos frente a uma geração sem ideais, sem aspirações, sem metas. Imediatistas, sem perseverança.
Como adultos temos ensinado os nossos jovens a conquistarem o que querem? A merecerem o que recebem? A viverem uma vida em que, aos poucos, desgarrem-se de nós e nos tornemos dispensáveis, pois eles já serão autônomos? Onde criam uma perspectiva de vida? Onde sonham? Temos que ensiná-los a sonhar. O sonho impulsiona, move a realização, dá o desejo da conquista.
Esses jovens que acabam seduzidos, atraídos por um jogo como esse, demonstram uma estrutura de personalidade frágil e carente. Existe dentro deles um buraco, um vazio existencial que está sendo preenchido pelas ofertas e seduções do mundo virtual. Um mundo irreal, de ilusões. Tamanha fragilidade é sintoma de ausência. Os jovens têm de ter pulsão de vida e não de morte. O contrário demonstra desestrutura e adoecimento.
Por que o meu amor de pai e mãe não preenche esse vazio, não sacia essas necessidades de fazer algo tão destrutivo? Outros exercem mais influência sobre ele do que eu?
O grupo tem sim papel relevante e determinante nessa fase da vida. Mas se o jovem está crescendo emocionalmente estruturado e fortalecido, será capaz de fazer suas escolhas de forma assertiva e benéfica. Conseguirão dizer os NÃOS necessários para não entrarem em situações que o destruam. A pulsão de morte é contrária à pulsão de vida! Nessa fase, é a pulsão de vida que tem que prevalecer.
Vida vazia! Vazia de valores, de sentido, de ideais, de esforço. Isso sim é um perigo. Se não soubermos encher a vida dos nossos jovens e adolescentes, de significado, do que realmente importa, sem dúvida nenhuma, não titubearão em perder o que tem de mais precioso: a vida.
Fiquemos atentos aos sinais, não só de mutilação, mas de carência, de ausência, de inversão de valores, de uma existência que aponta para o nada. O maior sentido da vida é o próprio compromisso com a vida.
Junto-me à direção do Colégio, para repassar a vocês, familiares, recomendações importantes:
*Aproximem-se de seus(suas) filhos(as). Estejam com o olhar atento a eles(as), voltado para eles(as) . Não os deixem passar despercebidos.
*Monitorem o que eles(as) fazem nas redes sociais, tenham posse da senha, acessem as redes sociais, vejam com quem eles(as) conversam no Whatsapp, Twitter, Instagram, Snapchat, Facebook. Certifiquem-se de quem são seus “amigos virtuais” e por onde transitam no mundo virtual.
*Estipulem o tempo de uso que eles(as) ficam com o celular ou nos eletrônicos. Quando estiverem jogando, procurem saber qual o teor do jogo. Conversem sobre o que não acharem adequado de modo a conscientizá-los.
*Divirtam-nos(nas) com outras atividades. Tirem-nos(nas) do quarto. Propiciem outras formas de diversão. Andem de bicicleta juntos, assistam a filmes, joguem um jogo. Procurem fazer programas familiares, onde aquele tempo seja de vocês. Vão à parques, cinema, na casa dos avós... Enfim, estreitem a relação, fortaleçam o vínculo. Um vínculo amoroso forte entre pais e filhos evita muitos males.
*Conversem sempre sobre os assuntos que estão em evidência, não tenham medo de falar sobre conteúdos que nos assustam e apavoram. Promovam um diálogo aberto para que eles(as) não busquem informações em meios não confiáveis. Dê a eles(as) a oportunidade de dizerem o que sentem e pensam. Falem sobre esse jogo, ouça-os. Diálogo é diferente de monólogo. Oportunizem essa conversa.
*Sobre todos os assuntos podemos aproveitar a oportunidade para uma formação e para conhecermos melhor nossos filhos(as).
Líllian Donzelli
Psicóloga Escolar, psicopedagoga, professora orientadora de 7o e 8o anos
e período integral do Colégio Agostiniano.
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